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Homicídios aumentam 202% na PB e negros são maioria entre as vítimas

O Mapa da Violência 2013 mostra que a Paraíba sofreu aumento de 202,3% nos números de homicídios. A cidade de São Paulo, que era a terceira mais violenta do país, atualmente tem os menores números do Brasil. Os dados foram levantados pelo sociólogo Júlio Jacobo Waiselfis, que analisou a migração da violência que saiu das regiões Sul/Sudeste para Norte/Nordeste.

Segundo a pesquisa, essa mudança no Mapa da Violência ocorreu devido ao surgimento de novos polos econômicos que cresceram demais e não têm estrutura suficiente para lidar com a criminalidade, o que contribui para a elevação dos assassinatos em locais que já foram conhecidos pela tranquilidade.


Além da Paraíba, outros estados do Nordeste também apresentam taxas de homicídios que assustam. Na Bahia, houve crescimento de 223,6%; no Rio Grande do Norte, 190,2%; em Alagoas, morrem 156, 4 jovens a cada 100 mil habitantes, quase oito vezes mais que São Paulo. Os números nos estados refletem dados registrados nas capitais. Em 1999, Salvador era a capital mais tranquila do Brasil, mas agora é terceiro lugar no Mapa da Violência; Maceió é a a primeira do ranking hoje, com 111 assassinatos por 100 mil, mas já foi a 14ª há 12 anos; Recife está no quarto lugar.
No interior dos estados nordestinos também houve aumento significativo nas taxas de mortes. Entre 2003 e 2011, a violência aumentou 23,6%.
Há mais homicídios entre negros
Na Paraíba, a taxa de homicídios entre os negros dobrou, de 30,1 para 60,3 para cada 100 mil habitantes.
Dos cinco estados onde o assassinato de negros mais cresceu, quatro são do Nordeste e um no Norte. O Rio Grande do Norte teve um crescimento de 2,7 vezes na taxa de homicídios, ao passar de 16,1 por 100 mil habitantes, em 2006, para 43,6 por 100 mil, em 2011.
Entre os outros estados onde o crescimento foi grande de 2006 a 2011, estão Alagoas (de 53,9 para 90,5 por 100 mil habitantes), o Amazonas (de 22,3 para 42 por 100 mil) e Ceará (de 17,8 para 29 por 100 mil).
Cruzando as informações do ministério com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), verifica-se que, em 2011, a taxa de homicídios dessa população foi 35,2 por 100 mil habitantes, taxa 9% acima do que a observada cinco anos antes, quando foram registrados 29.925 casos, ou seja, 32,4 por 100 mil habitantes.


Ao mesmo tempo em que negros ficaram mais vulneráveis à violência nesses cinco anos, a taxa de homicídios da população branca caiu 13%, ao passar de 17,1 por 100 mil habitantes em 2006 (15.753 em número absoluto) para 14,9 por mil em 2011 (13.895 casos).


O dado reflete a grande disparidade racial que existe no Brasil, quando se trata de vítimas de assassinatos. Com o aumento dos homicídios entre a população negra, a probabilidade de um preto ou pardo ser vítima de assassinato no país passou a ser 2,4 vezes maior do que a de um branco. Em 2006, a proporção era 1,9.

O coordenador da organização não governamental (ONG) Observatório das Favelas, Jaílson de Souza, tem praticamente a mesma análise divulgada pelo sociólogo Júlio Jacobo, quando diz que o aumento da taxa de homicídios de negros tem relação com a mudança geográfica dos assassinatos no país. Nos últimos anos, enquanto o Sul e o Sudeste têm vivenciado a redução das taxas de homicídios, o Norte e Nordeste têm visto um aumento da violência.
Jaílson também concorda que o crescimento econômico do país, sem uma mudança da estrutura social, contribui para o incremento da violência entre as populações mais vulneráveis. “Nosso desafio é reconhecer que não basta o crescimento econômico, tem que ter uma política que leve em conta o racismo, que é um elemento estrutural da desigualdade brasileira", declara.
Com Portal Correio

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