
O
exame foi encomendado pelo criminalista Roberto Podval, que defende o casal
condenado em 2010 pelo assassinato da criança.
De acordo com a análise, as
marcas encontradas pela perícia "não são compatíveis com a morfologia das
mãos de Anna e de Alexandre". E mais: segundo a perícia, as marcas não
foram feitas por mãos humanas.
Para
fazer as análises, o criminalista fez moldes das mãos dos dois acusados. O
estudo da equipe do professor Hahn foi desenvolvido com base nas articulações
das mãos e dos dedos. As informações foram publicadas no jornal O Estado de S.
Paulo.
Os
peritos prepararam um relatório para mostrar como chegaram a esse resultado que
será trazido por Podval para ser incluído no processo do caso. Mesmo sabendo
que a Justiça dificilmente aceita a análise de provas novas em habeas corpus, é
por meio de um que o criminalista pretende tirar o casal da cadeia.
Só
depois do trânsito em julgado de um caso - sua decisão judicial final - é que
se pode pedir a revisão criminal, normalmente. Para tanto, o casal Nardoni
teria de esperar preso. "Todo o trabalho da perícia da polícia de São
Paulo tem por base a literatura médico-legal americana. Fomos então aos EUA
buscar uma análise isenta e ela mostrou que Isabella não foi asfixiada por Anna
Carolina, o que desmonta toda a base da acusação", afirmou Podval, que
acredita na possível libertação do casal frente ao surgimento de uma dúvida
mais do que razoável de que o casal tenha cometido o crime.
O caso Isabella
A
menina Isabella Nardoni, 5 anos, foi jogada do sexto andar e encontrada ferida
no jardim do prédio onde moravam o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna
Carolina Jatobá, em São Paulo, no dia 29 de março de 2008. Socorrida, ela não
resistiu aos ferimentos e morreu. Em depoimento, o pai da criança disse que o
prédio foi assaltado e a menina, jogada por um dos bandidos, que cortou a tela
de proteção da janela.
A
versão do casal, no entanto, não foi sustentada pela perícia e, em 3 de abril
do mesmo ano, o casal foi preso pelo assassinato da criança. Segundo o
Ministério Público, Anna Carolina agrediu Isabella ainda dentro do carro e
asfixiou a menina no apartamento. Achando que Isabella estava morta, o pai
cortou a rede de proteção e jogou a filha do sexto andar. Alexandre e a mulher
sempre negaram as acusações.
O
caso foi levado a julgamento quase dois anos após a morte. Na primeira hora do
dia 27 de março de 2010, após cinco dias de júri, o juiz Maurício Fossen, da 2ª
Vara do Júri do Fórum de Santana, condenou Nardoni a 31 anos, um mês e dez dias
de prisão por homicídio triplamente qualificado: por meio cruel, sem chance de
defesa da vítima e para garantir ocultação de crime anterior. Já Anna Carolina
Jatobá foi condenada a 26 anos e oito meses de prisão. Os dois foram condenados
também a oito meses de prisão em regime semiaberto por fraude processual.
Em
maio de 2011, a 4ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São
Paulo analisou recurso do casal contra o julgamento e reduziu a pena de Nardoni
em 10 meses e 20 dias. Com a decisão, sua pena passou para 30 anos e dois meses
de prisão. A sentença de Anna Carolina foi mantida. Eles cumprem pena em
presídios de Tremembé (SP).
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