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Esportes de ultra-resistência podem causar danos ao coração



Flávio Fernandes com O ESTADÃO
Ao longo das últimas três décadas o número de participantes nas maratonas e outros
eventos de ultra-resistência têm aumentado significativamente. A maratona de Nova Iorque,
por exemplo, uma das mais respeitadas no mundo, em 2011 teve aproximadamente 47.000 participantes. Além disso, anualmente ocorrem mais de 500 corridas deste tipo pelo mundo
inteiro. Nos últimos dois artigos publicados neste blog abordamos o impacto das atividades
de ultra-resistência sobre os sistemas imunológico e endócrino.
Em revisão científica publicada esta semana na revista médica Mayo Clinic Proceedings
foram examinados diversos estudos que quantificaram os potenciais efeitos nocivos ao
sistema cardiovascular que decorrem da prática excessiva das atividades de ultra-resistência (maratonas, ultra-maratonas, triátlons, Ironman e provas prolongadas de ciclismo). Os
investigadores examinaram vários estudos de atletas que treinaram e participaram de tais
provas. O estudo liderado pelo Dr. James O’Keefe concluiu que em alguns indivíduos, os
treinamentos e as práticas excessivas a longo prazo podem provocar a remodelação
patológica estrutural e eletrofisiológica do coração, incluindo a fibrose, o enrijecimento dos
átrios, do ventrículo direito e das grandes artérias. Assim sendo, potencialmente predispondo
algumas pessoas às arritmias diversas e aumentando riscos cardíacos.
No entanto, os pesquisadores fizeram questão de enfatizar que os dados científicos
demonstram os mais que reconhecidos benefícios dos exercícios físicos praticados
diariamente de maneira moderada e que, aqueles que se exercitam aumentam sua
expectativa de vida em média de sete anos em relação às pessoas que são fisicamente
inativas.
Um dos coautores do novo estudo, o Dr. Carl Lavie, diretor médico de reabilitação cardíaca
e prevenção do John Ochsner Heart and Vascular Institute de Nova Orleans, me disse
em entrevista pelo telefone, que alguém que almeja obter simplesmente os benefícios
fisiológicos à saúde, decorrentes das atividades físicas moderadas, não tem nenhuma razão
para participar das maratonas ou dos outros eventos de ultra-resistência.
“Se o objetivo da prática do exercício fisico é o bem estar e a saúde em geral, a pessoa
provavelmente acarretará todos os benefícios fisiológicos nos primeiros 30 a 55 minutos.
Ao ultrapassar este tempo, talvez seja um desperdício. Em contrapartida, se o indivíduo 
realmente extrapolar com cargas excessivas compatíveis a uma maratona e outras provas
de ultra-resistência, então é possível que o impacto seja negativo para a saúde”, acrescentou
o Dr. Lavie.
Concluindo, o cardiologista fez questão de frisar que precisamos de mais estudos para
investigar o tema em pauta, para compreendermos de modo mais profundo, o impacto a longo
prazo no sistema cardiovascular.

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