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Redução do IPI em móveis e linha branca não chega ao bolso do consumidor; confira


Duas semanas após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter anunciado a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de móveis, o cliente continua sem sentir no bolso os efeitos da medida. O iG fez um levantamento nos sites das redes Ponto Frio, Casas Bahia, Magazine Luiza, Lojas Colombo e Extra e constatou que dos sete produtos analisados em 27 de março – um dia após o anúncio do governo - e em 11 de abril, poucos ficaram mais baratos.
Foram cotados os preços de dez modelos de camas, guarda-roupas, kits de cozinha e sofás. No total, o levantamento apurou 20 preços antes e depois do IPI, sendo um de cada varejista para cada produto. Quase metade (nove) dos valores aumentou após duas semanas. Apenas três caíram, e outros oito ficaram no mesmo patamar, ou o produto deixou de aparecer no site da empresa.
Além de móveis, foram observados também os preços de três produtos de linha branca (máquina de lavar roupas, geladeira e fogão), que tiveram a prorrogação da redução do imposto por mais três meses. Neste caso, o preço ficou mais salgado para o consumidor em um terço das verificações. A geladeira foi exceção e não ficou mais cara em nenhum dos cinco estabelecimentos (veja na tabela abaixo).
Segundo a Receita Federal, não existe nenhuma resolução ou lei que obrigue as redes varejistas a repassar a queda do IPI para os consumidores finais. No entanto, as empresas geralmente optam por reduzir os preços ao cliente como estratégia de mercado, para bater a concorrência. Como sabem que os consumidores tendem a ficar mais animados a comprar, as lojas anunciam a redução do IPI e, em alguns casos, aproveitam para colocar em promoção produtos de linhas antigas, segundo Wilson Pires Justo, diretor de marketing da Sorocred.
Procuradas pelo iG, as empresas explicam que o IPI foi repassado ao consumidor na maioria dos casos. A alta dos preços em abril, de acordo com as varejistas, não está relacionada com o imposto, mas sim com ações promocionais que estavam em vigor em março, mas deixaram de valer nas semanas seguintes.
O Magazine Luiza, por exemplo, afirma que repassou os descontos referentes ao IPI ao consumidor em todos os sete produtos cotados. No entanto, três valores subiram. De acordo com a varejista, os preços de 27 de março eram “promocionais de fechamento de mês.” “Os valores indicados no dia 11 de abril estão com os respectivos descontos referentes à redução do IPI,” afirmou a empresa em nota.
O mesmo aconteceu com a rede Extra, que anunciou em 27 de março que reduziria os preços de seus móveis “imediatamente” após a redução do IPI. Os valores do guarda-roupas e da cama que fizeram parte do levantamento, de fato, foram diminuídos. No entanto, o preço do kit cozinha não foi reduzido e o sofá ficou mais caro. A empresa afirmou ao iG que seus produtos “continuam com a redução do IPI” e que “a alteração dos preços está vinculada ao constante calendário promocional realizado pelos sites”.

A explicação também vale para os sites da Casas Bahia e do Ponto frio, que são da mesma companhia controladora do Extra, o grupo Pão de Açúcar. No Ponto Frio, quatro dos sete produtos ficaram mais caros e apenas a geladeira teve seu preço reduzido. Na Casas Bahia, três itens ficaram mais caros e, novamente, só a geladeira ficou mais barata.
Além da variação dos calendários de promoções de cada estabelecimento, também pode acontecer de o desconto começar a valer somente após a varejista renovar os estoques do produto, de acordo com a Fundação Procon-SP. Isso significa que o repasse nem sempre é imediato.
Essa foi a justificativa dada pelas Lojas Colombo, que manteve os preços cobrados pela máquina de lavar, a geladeira, o fogão e o kit cozinha. “O IPI reduziu para os próximos pedidos feitos para o fabricante. Portanto, nos produtos que temos em casa ainda não repassamos o desconto relativo ao IPI,” afirmou a rede. Mas se o consumidor pretende comprar guarda roupa ou sofá, vai pagar mais agora do que antes da redução do IPI. Neste caso, segundo a empresa, o motivo também é uma promoção. "Esses produtos estiveram com preços reduzidos anteriormente, porque faziam parte de ação promocional da Colombo. Depois voltaram aos preços normais.” No caso da cama, que ficou mais barata, uma oferta foi lançada nas últimas semanas, segundo a varejista.
IPI não deve incentivar consumo
Mesmo se as companhias não tivessem terminado suas promoções, a redução do IPI poderia não provocar um efeito significativo no bolso do consumidor. Segundo Wilson Pires Justo, o imposto tem um impacto pequeno nos preços, pois os percentuais são baixos. No caso dos móveis, por exemplo, o imposto era de 5% e foi zerado. Também ficaram isentos de impostos os laminados, que antes tinham a incidência de 15%, as luminárias e os lustres, que tiveram o imposto reduzido de 15% a 5%, e os papéis de parede, cuja alíquota passou de 20% a 10%. "Tomando como exemplo um guarda roupa padrão de quatro portas, que estava na casa de R$ 450, o resultado é apenas R$ 22,50 de desconto,” afirma o especialistas da Sorocred.
Assim, a sugestão dele é que o consumidor não se motive a consumir apenas por conta do anúncio da redução do IPI ou de propagandas que destaquem o imposto. Para quem já estava planejando a aquisição, o melhor a fazer é pesquisar os preços nas diferentes lojas em busca de melhores oportunidades. “Se alguma rede estiver anunciando desconto por causa do IPI, ele também pode pedir para que o estabelecimento prove que há o desconto”, acrescenta. “Ninguém deve acreditar só na propaganda. Tem que ir à loja e dizer que quer pagar menos.”
IG 

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